E o Beleza Interior de hoje mostra mais uma vez a nossa parceria com o queridíssimo amigo Magrão, que faz questão compartilhar suas reflexões conosco. E nós também adoramos isso! Gostamos bastante dos assuntos que ele aborda, diante das suas experiências de vida e como ele descreve seus pensamentos. E o texto de hoje não poderia ser diferente. Espero que gostem junto com a gente.
Por Jeverton “Magrão” Ledo
Interessante pensar sobre a
vida na perspectiva de nossas experiências, prática de vida que nem sempre é
bacana ou cheia de colorido.
Na caminhada enfrentamos,
como costumo dizer, dias bons e dias não tão bons. O importante é vivê-los e
tirar as melhores lições.
Já peguei boas ondas, joguei
basquete, vôlei de praia, frescobol e frisbee, sempre cheio de energia que
jamais pensei que me faltaria um dia.
Os anos passam e as
experiências deixam marcas, algumas delas se não forem bem trabalhadas podem
nos levar para o isolamento, a lamentação e – por que não dizer? – para uma
para uma caminhada sem perceber o brilho do sol, o canto dos pássaros e a
beleza de estar vivo.
Há anos eu sofro com dores
que insistem em ir comigo a todos os lugares. Interessante, elas não me largam.
Isso deve ser amor. Passei por duas intervenções cirúrgicas para tentar
corrigir um problema que simplesmente me colocou nas estatísticas de uma
pequena parcela desse mar de gente; não tinha histórico familiar, acidente ou
qualquer outra coisa que pudesse justificar a tal da estenose do canal medular.
Nome chique, não acham?
Internações, crises, aulas
na escola de missões deitado num colchão; tempo bom.
Remédios, remédios,
remédios, exames, tentativas de algo ainda não experimentado.
Os anos foram passando e eu
mesmo por vezes me perguntei “vale a pena continuar?”. Seria isso forte o
suficiente para me paralisar, encerrar ou dar a palavra final?
Final, quando será o final?
Ainda não temos muito caminho pela frente?
Mas a história e minhas
próprias experiências seguem seu rumo, seu curso, como o de um rio que guarda
outras surpresas.
Lembra dos dias bons? Pois
é, encontrei pelo caminho das dores o amor. Ela tem nome e sobrenome, é linda e
está ao meu lado incentivando, motivando e declarando todos os dias a beleza da
palavra amar.
Eu segui, prossegui e a vida
acrescentou às dores uma desmielinização sensitiva e da parte motora.
Essa tem sido minha mais
nova experiência pelos caminhos da medicina. Perdi a esperança? Entreguei os
pontos? Aqueles que me conhecem sabem a resposta. E você que apenas lê meus
artigos, consegue imaginar a resposta?
A leitura quando feita pela
óptica certa faz crescer uma força capaz de te impulsionar e você se vê
novamente na superfície, como aquele surfista que depois de tomar uma vaca e
passar por aquele turbilhão de ondas, respira, deita novamente em sua prancha e
rema na busca de uma nova onda.
Ao longo de toda essa
jornada conheci muitos médicos, alguns interessados, outros nem tanto. Fiz
amigos, fui acolhido, riram e choraram comigo.
E agora pode surgir outras
perguntas: como você está hoje? Acabo de sair de uma internação, piorei? Seria
uma nova tentativa?
A resposta é um altíssimo e
sonoro SIM para as duas últimas perguntas. No entanto, nos dias bons, encontrei
um médico que abraçou meu caso, teve a sensibilidade para perceber que aqui
dentro ainda bate um coração cheio de esperança. Analisamos com clareza a
situação, colocamos as cartas na mesa, trabalhamos com o real e juntos vamos
nessa.
Essa última estadia no
hospital me permitiu rever com clareza o quanto aprendi, o quanto cresci e o
quanto sou estimado mesmo não sendo merecedor.
Meu desejo é perceber de uma
vez por todas que sou super-herói apenas no espaço de tempo onde mergulho fundo
no universo dos quadrinhos que tanto amo. Baixar a guarda nunca será um sinal
de fraqueza. É preciso enfrentar nossas próprias limitações e a finitude, sem
deixar um dia sequer de sonhar e trazer comigo outros tantos que estão pelo
caminho e perderam quem sabe o desejo de prosseguir.
Que as minhas próprias
vivências falem alto em seu coração e te levem a buscar a onda que te espera
bem ali na praia.
By Carola Isabel Pucci
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